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domingo, 8 de novembro de 2009

Porquê votar se saem todos vencedores?

Duas eleições se passaram e após uma árdua e esforçada análise política e das declarações dos líderes partidários, consegui chegar a uma conclusão. Todos os partidos venceram as eleições, que em outro dia normal num país normal seriam apenas vencidas por um único partido.

Quando todos esperam que o partido vencedor seja aquele que adquire mais votos e consequentemente maior número de mandatos, vencem também os partidos que obtêm maior número de votos que no mandato anterior, e outros que obtiveram mais deputados que da última vez, vencem também os partidos que dizem que retiraram a maioria absoluta à anterior conjuntura da assembleia. Segundo esta análise, quando dizem aos cidadãos que é dever cívico e importante votar, estão a mentir, porque o factor “mais votos que o outro” é muito relativo, visto que os partidos fazem aquela birra: “Ah, toma! Tenho mais que tu!”; “Não quero saber! Roubei-te a maioria!”.

Quanto a mim, desta forma não vejo onde está o sentido de se votar se todos podem gritar vitória.

Mas, de vez em quando ainda há um ou outro partido que admite que foi derrotado, como é o caso do PCP. Após a contagem dos votos autárquicos, Jerónimo de Sousa, veio afirmar que o PCP tinha sido derrotado, mas em todo o caso é um vencedor ao garantir 28 autarquias (apesar de ter perdido 4, ou seja ganhou quatro 2ºs lugares!) e só não saiu mais vencedor e menos derrotado porque a imprensa televisiva não colaborou com os partidos menores não os tendo publicitado.

E é ao criticar a imprensa, que Jerónimo faz cair a nódoa sobre o pano. Porque se o PCP se tem esforçado e trabalhado mais para vencer umas quaisquer legislativas, o problema com a imprensa terminaria já aí.

Portanto, não se venham queixar da imprensa, quando basta um bocadinho de esforço para adquirir votos, e consequentemente a atenção da imprensa, ou atenção do poder sobre a imprensa.

Chegar à frente do Estado tem também os seus altos e baixos, por um lado obtém-se uma estação televisiva mais a sua fiel bajulação, e por outro obtém-se uma outra estação televisiva que se encontra na puberdade e aprecia bastante brincar com fósforos.

Concluindo, o governo pode ter um par de sapatos mas, não sobrevive sem um extintor.