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domingo, 5 de dezembro de 2010

Álvaro de Campos vs Povo Português

Num contexto mais prático, vamos tentar perceber o que sente um português neste momento de crise. Para isso recorramos a um texto do heterónimo de Fernando Pessoa, Álvaro de Campos, intitulado de “Lisboa Revisited” (versão de 1923):

“Não: não quero nada.

Já disse que não quero nada.

Não me venham com conclusões!

A única conclusão é morrer.”

Não querendo dizer que sejamos de momento tão pessimistas como este senhor era na sua fase depressiva, de impaciência e cansaço em relação à vida, não podemos deixar de reparar que também os portugueses pedem que os deixem em paz.

Este momento sério, não deve ser tratado com brincadeiras, mas é impossível não dar uma seca gargalhada quando temos conhecimento de algumas atitudes do nosso governo. A taxa de desemprego continua a subir com previsões de contínua evolução negativa e o nosso governo decide “vamos tornar o despedimento mais fácil para que as empresas queiram vir para Portugal na esperança de não sofrerem compromissos custosos em relação aos trabalhadores.” Segundo esta perspectiva até que existe algum sentido na medida, mas se virmos do lado de dentro a vida miserável que já muitas famílias portuguesas têm, não seria mais fácil reduzir custos em “coisas” absolutamente supérfluas, como projectos sobre o melhor sítio para colocar uma terceira ponte sobre o Tejo, ou aproveitar fundos disponibilizados ao país por fundações europeias, como os desperdiçados por falta de projectos em relação à exploração agrícola nacional há uns tempos atrás, e aproveitar esse dinheiro para tentar levar, justamente, a nossa economia a bom porto?

Falo como uma desentendida na matéria, mas na realidade sempre ouvi dizer que “bendita seja a ignorância” porque nos permite querer saber mais e trabalhar mais pelo que procuramos e desejamos. A partir do momento em que assumimos saber tudo sobre algo, deixamos de procurar outras verdades, e não será esse reconhecimento de outras realidades, mais infelizes, que falta aos nossos queridos governantes?

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